
São várias as doenças da coluna vertebral e algumas delas podem ser muito limitantes. Assim, é importante reconhecer os principais sintomas para procurar ajuda médica e começar o tratamento mais adequado.
Estima-se que 80% da população irá sofrer dores na coluna em algum momento da vida.
O Dia Mundial da Coluna celebra-se a 16 de outubro.
O que é a coluna vertebral?
A coluna vertebral (ou espinha dorsal) é uma estrutura complexa do esqueleto humano, composta por 26 ossos (vértebras), que se estendem desde a base do crânio até à pélvis.
Podemos dividir a coluna em cinco regiões principais:
Cervical (7 vértebras) — zona no pescoço;
Torácica (12 vértebras) — parte superior das costas;
Lombar (5 vértebras) — parte inferior das costas;
Sacral (5 vértebras fundidas) — zona da bacia;
Coccígea (4 vértebras fundidas) — cóccix.
A coluna também inclui discos intervertebrais, situados entre as vértebras, os quais funcionam como amortecedores (absorvem o choque e previnem o atrito entre os ossos).
A coluna é responsável por assegurar:
Sustentação — é o suporte estrutural principal do corpo, mantendo a postura ereta;
Proteção — protege a medula espinal (essencial para a vida humana, é através da medula que o cérebro se liga ao resto do corpo);
Flexibilidade e mobilidade — são as articulações entre as vértebras que permitem uma série de movimentos, como rodar e curvar-se.
Causas mais comuns para dor na coluna vertebral
As dores nas costas são uma queixa extremamente comum e podem ter diversas causas, desde hábitos do dia a dia (mais frequentes) até condições médicas mais sérias.
Geralmente, as pessoas sentem dor nas costas, mas não propriamente na coluna vertebral (dores musculares e posturais).
Perceba as causas mais comuns para as dores nas costas e tente identificar o que sente.
Causas musculares e posturais:
Má postura — esta é uma das causas mais comuns para a dor nas costas, a qual é causada por uma postura inadequada ao sentar, andar ou dormir. São afetadas, particularmente, pessoas que trabalham sentadas;
Tensão muscular e stress — o stress do dia a dia pode causar contraturas musculares nas costas, causando dor;
Levantar peso incorretamente — a maioria das pessoas pega em pesos de forma errada (dobram-se para pegar em algo, em vez de se baixarem, flexionando os joelhos e suportando o peso com as pernas), causando lesões musculares e distensões nas costas;
Sedentarismo — não ser ativo fisicamente enfraquece os músculos, incluindo aqueles que dão suporte à coluna, favorecendo as dores nas costas;
Excesso de exercícios — atividades físicas intensas ou executadas de maneira incorreta também podem levar a lesões (nos músculos das costas, mas também na coluna).
Doenças da coluna:
Hérnia discal (de disco);
Compressão/inflamação do nervo ciático;
Desvios da coluna (escoliose, lordose e cifose);
Osteofitose;
Cervicalgia;
Espondilolistese;
Fraturas da coluna;
Lombalgia;
Estenose espinhal;
Doença degenerativa de disco;
Artrite na coluna;
Espondilólise;
Espondilite anquilosante;
Osteoporose;
Osteoartrose;
Tumor da coluna vertebral;
Cancro da medula espinhal.
Veremos, mais abaixo, as patologias da coluna vertebral em detalhe.
Outras condições médicas:
Pedra nos rins — os cálculos renais podem causar uma dor muito forte na região lombar;
Problemas respiratórios — doenças respiratórias, como a pneumonia, podem manifestar-se com dor na parte superior das costas;
Outras doenças — em casos mais raros, a dor nas costas pode ser um sintoma de problemas no pâncreas, endometriose, aneurisma da aorta, entre outros.
Patologias da coluna vertebral
Embora a maior parte dos casos de dores nas costas se deva a causas musculares e posturais, existem patologias da coluna vertebral que podem, igualmente, causar muita dor.
Conheça as mais comuns:
Desvios da coluna — escoliose, lordose e cifose
Quando existem desvios numa das regiões da coluna, há uma sobrecarga das articulações, forçando mais a região ao fazer movimentos, gerando desconforto e dor.
Estes desvios classificam-se em:
Escoliose — desvio lateral na coluna vertebral maior do que 10º e pode ser uma doença congénita (má formação dos ossos), neuromuscular (alterações neurológicas que alteram a força dos músculos) ou idiopática (sem causa aparente). Faz com que a pessoa se esforce mais ao realizar movimentos e em atividades quotidianas (como andar), causando, muitas vezes, dor muscular.
Lordose — caracteriza-se por uma curvatura excessiva da coluna. Pode desenvolver-se em casos de acondroplasia (condição genética rara que causa nanismo desproporcional), discite (inflamação dos discos intervertebrais), obesidade, osteoporose (doença que torna os ossos mais finos, frágeis e suscetíveis a fratura), ou espondilotistese (deslizamento de uma das vértebras da coluna).
Cifose (corcunda) — caracteriza-se pelo aumento do ângulo da coluna na parte superior. Má postura, osteoporose e doenças degenerativas favorecem a cifose.
Tratamento: fisioterapia, orientação postural, natação e alongamentos. Só em casos mais graves é que se recorre a cirurgia.
Cervicalgia
Esta é uma patologia que causa rigidez e falta de mobilidade na cervical (pescoço). A dor (por vezes limitante) está associada a traumas, posições incorretas, movimentos bruscos, ou excesso de peso na região.
Tratamento: fisioterapia para diminuir a compressão da coluna e fortalecer a região (para evitar novos episódios da doença).
Ciática
A dor ciática é uma das mais conhecidas e deve-se, geralmente, a uma inflamação, irritação ou pressão do nervo ciático. Só em casos raros a dor ciática se relaciona com outras patologias (tumores, traumas, lesões, fraturas por pressão, hérnia discal, espasmos musculares, síndrome do piriforme, osteoartrite).
Tratamento: fisioterapia, analgésicos e anti-inflamatórios.
Espondilolistese
Caracteriza-se pelo deslocamento de uma vértebra sobre outra, causando dor na lombar, dor ciática e, em casos graves, perda de movimentos (incluindo dificuldade ou incapacidade de andar).
A espondilolistese pode ser: displásica (congénita, portanto, mais comum em crianças; resulta de uma formação óssea anormal na coluna), ístmica (defeito de ossificação no istmo ou pars interarticularis, podendo resultar em fratura; mais comum na adolescência; pode estar associada à escoliose), degenerativa (causada pela degeneração dos discos e articulações; mais comum em adultos acima de 50 anos; geralmente acontece entre as vértebras lombares L4 e L5); patológica (causada por uma fragilidade óssea devido a tumor, infeção ou doença osteometabólica) ou traumática (ocorre quando há fratura nas vértebras decorrente de um trauma; tipo menos frequente).
Tratamento: anti-inflamatórios, analgésicos e fisioterapia. Uma intervenção cirúrgica só é ponderada quando o tratamento conservador não oferece resultados.
Espondilite anquilosante
Trata-se de uma doença inflamatória crónica que afeta, principalmente, as articulações da coluna, anca, joelhos e ombros. Pode atingir, também, os olhos, pulmões e coração. Não há cura para esta patologia.
A espondilite anquilosante origina a fundição de vértebras, tornando a coluna menos flexível. Quando afeta as costelas, pode causar dificuldade respiratória.
Tratamento: medicação para aliviar a dor, fisioterapia, ou tratamentos minimamente invasivos, como nucleoplastia por fibra ótica, ozonoterapia ou radiofrequência.
Espondilólise
Trata-se de uma lesão, sem origem conhecida. É tida como um defeito, ou falha mecânica, com descontinuidade óssea do segmento intervertebral (a vértebra mais afetada é a L5). Pode ser assintomática, mas pode causar lombalgia crónica.
Tratamento: analgésicos e anti-inflamatórios, fisioterapia.
Fratura da coluna
Fratura da coluna vertebral é uma lesão grave que deve ser tratada de imediato. Na maior parte dos casos é decorrente de grandes e fortes impactos, como uma queda intensa ou um acidente de carro. Pode estar, também, relacionada a outras patologias que enfraquecem a coluna vertebral, como tumores ósseos ou osteoporose.
Tratamento: requer imobilização (colete de Jewet, colar cervical ou gesso). Em casos graves pode ser necessária cirurgia.
Hérnia discal
A hérnia de disco ocorre quando o líquido do núcleo interno do disco intervertebral sai. Causa dor e dificuldade de movimentar a região da hérnia, sensação de fraqueza e formigamento/dormência.
Pode ser:
Protusa — o disco intervertebral deforma-se e o seu núcleo gelatinoso projeta-se para fora, sem romper completamente o anel externo que o rodeia — protrusão discal;
Extrusa — estágio avançado de uma hérnia discal; o núcleo gelatinoso do disco intervertebral rompe e sai completamente do disco; pode comprimir raízes nervosas, causar dor intensa, formigamento e fraqueza muscular;
Sequestrada — estágio avançado e grave da hérnia de disco; o núcleo gelatinoso do disco intervertebral rompe completamente o anel fibroso e solta-se, formando um fragmento que migra para dentro do canal medular.
Tratamento: analgésicos, anti-inflamatórios, fisioterapia, exercícios de RPG e osteopatia. A cirurgia só é ponderada em último caso.
Lombalgia
Caracteriza-se por uma dor na lombar e é causada por uma sobrecarga na região. Esta pode estender-se para as nádegas e pernas.
Tratamento: analgésicos e fisioterapia.
Estenose espinhal lombar/cervical
Ocorre quando o espaço em volta da medula espinhal é muito estreito, irritando a medula e/ou nervos que derivam dela. Causa dores nas costas e/ou pescoço, formigueiro nos braços e/ou pernas, diminuição de mobilidade da coluna, fraqueza motora, alterações dos reflexos.
Tratamento: analgésicos, anti-inflamatórios e relaxantes musculares e infiltrações de corticoides junto à estrutura vertebral comprometida. Quando a patologia é causada por hérnias de disco recorre-se a nucleoplastia por fibra ótica, ozonoterapia ou radiofrequência. A cirurgia só é feita quando os tratamentos convencionais não surtem efeito.
Doença degenerativa do disco
Com o envelhecimento, é normal que haja sinais de desgaste dos discos espinhais. Assim, esta condição é causada ao longo do tempo pelas atividades diárias, lesões e desporto. Pode ser causada também pelo encolhimento do disco.
Tratamento: fisioterapia, exercício físico, analgésicos, anti-inflamatórios, infiltrações. A cirurgia está reservada para casos que não respondem aos tratamentos ou que apresentam défices neurológicos.
Osteofitose (Bicos de Papagaio)
Esta patologia da coluna caracteriza-se pelo crescimento anormal de osso em volta de uma articulação vertebral degenerada. É causada pela desidratação do disco intervertebral, aproximando as vértebras e comprimindo as raízes nervosas.
A osteofitose causa dores fortes na região, assim como formigueiro, perda de força muscular, perda de reflexos, limitação de movimentos e perda de sensibilidade.
Tratamento: analgésicos e anti-inflamatórios, fisioterapia e exercícios físicos.
Osteoartrose
Trata-se de artrose nas articulações, causando desgaste da cartilagem que cobre as extremidades dos ossos, assim como danifica ligamentos, líquido sinovial e membrana sinovial. Além da coluna, também pode afetar as mãos, joelhos e ancas.
Causa dor, inchaço, rangidos e limitação de movimentos nas articulações afetadas.
Tratamento: esta patologia não tem cura, mas analgésicos e anti-inflamatórios aliviam a dor.
Osteoporose
Ocorre quando os ossos da coluna se fragilizam pela diminuição da massa óssea. Geralmente é assintomática, mas é possível que, à medida que a doença avança, aconteçam fraturas com mais facilidade, formigueiro, postura curvada e dores na coluna e na anca.
Tratamento: medicamentos para preservação da densidade óssea, suplementos de cálcio e vitamina D, exercícios físicos.
Artrite na coluna
A artrite na coluna diz respeito a uma condição inflamatória ou degenerativa, a qual afeta as articulações da coluna. Causa dor (que por vezes é irradiada para as pernas, braços e cabeça), perda de mobilidade e rigidez. Esta condição pode ter origem no desgaste natural das articulações, mas também pode ter origem noutras doenças, como autoimunes e infeções.
Tratamento: fisioterapia, exercícios de fortalecimento muscular, alongamentos, analgésicos e anti-inflamatórios. Só em casos muito graves é ponderada a cirurgia.
Tumor na coluna
Os tumores na coluna são mais frequentes como metástases de outros cancros (pulmão, mama, próstata, entre outros). Causam dor na coluna sem relação direta com atividades ou esforços físicos (é, geralmente, pior à noite), formigueiro nos braços e/ou pernas, perda de peso sem motivo, fraturas na coluna.
Tratamento: quimioterapia, radioterapia e/ou cirurgia, de acordo com a orientação do oncologista.
Cancro da medula espinhal
Tumor que cresce dentro (ou em torno) da medula espinhal. À medida que o tumor cresce, o paciente sente dor, fraqueza muscular, perda de sensibilidade e, em alguns casos, pode ter problemas em controlar a bexiga e o intestino.
Tratamento: quimioterapia, radioterapia e/ou cirurgia, de acordo com as orientações do oncologista.
Quando procurar um médico?
Procure um médico caso a dor nas costas:
Persista por mais de uma semana;
Seja muito intensa, estiver a piorar ou for repentina;
Seja acompanhada de outros sintomas (febre, formigueiro/dormência/fraqueza nos braços ou pernas, perda de peso sem motivo);
Cause perda de controlo da bexiga e/ou intestino.
Quanto mais cedo detetar um problema de saúde, melhores são as probabilidades de recuperação total. Não adie e marque uma consulta de rotina para fazer um check-up médico.
