
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma doença cerebrovascular causada pela lesão de células cerebrais. Esta lesão pode ser consequência de uma obstrução do fluxo sanguíneo (AVC isquémico) ou de uma rutura de uma artéria (AVC hemorrágico). As sequelas de um AVC podem ser graves e causar incapacidade. O tratamento rápido é essencial para atenuá-las.
O AVC é a principal causa de morte e de incapacidade em Portugal.
Problemas de equilíbrio, alterações da visão, dificuldade em realizar movimentos, dificuldades em exprimir-se ou compreender são algumas das sequelas possíveis de um AVC. Além destas, podem ser verificadas alterações cognitivas — défice de atenção, memória, planeamento, resolução de problemas, entre outras funções.
Mulheres com idade igual ou superior a 65 anos têm pior prognóstico.
As consequências de um AVC dependem do local atingido no sistema nervoso central: quando atinge o lado esquerdo do cérebro, afeta o lado direito do corpo, e vice-versa.
Adultos jovens têm tido mais AVC. Embora com taxas de recorrência e de mortalidade baixas, as sequelas do AVC interferem na qualidade de vida.
Quais as principais sequelas de um AVC?
Embora cada caso seja único, algumas sequelas são mais comuns entre quem sofre de um AVC. Temos, então:
Alterações motoras
A falta de força de um lado do corpo é das sequelas mais comuns e depende da área do cérebro que foi afetada. A fraqueza muscular, ou até mesmo paralisia, tem consequências sérias na vida quotidiana. O paciente pode não conseguir realizar tarefas básicas, como comer sozinho, por exemplo.
Regra geral, as paralisias são unilaterais e afetam mais a mão, embora também afetem o braço e (com menor gravidade) a perna.
Quando o AVC atinge o cerebelo, o paciente sente desequilíbrio no andar, tal como problemas de coordenação.
Alterações da sensibilidade
Caso haja uma lesão na via entre o córtex cerebral e a medula pode levar a alterações de sensibilidade. É possível que o paciente deixe de sentir um lado do corpo, ou este pode sentir dores.
Além destas alterações, o paciente pode sentir, formigueiro, frio ou calor, uma vez que tem uma confusão de estímulos sensitivos.
Dificuldades de comunicação
Geralmente causada por uma lesão nas regiões temporal e frontal do hemisfério esquerdo, a sequela que afeta a linguagem/comunicação (afasia) é uma das mais comuns.
O paciente não compreende o que os outros lhe dizem, não consegue articular palavras e não consegue escrever.
Dificuldade na deglutição
Lesões entre o córtex cerebral e o tronco cerebral (mais frequentes e graves no tronco) levam a dificuldades em engolir (disfagia), especialmente líquidos.
A disfagia pode fazer com que a pessoa engula algo que vá direto para o pulmão, trazendo perigos para a vida. Por essa razão, às vezes faz-se um buraco na parede do abdómen onde é colocado um tubo direto ao estômago, para que a pessoa se possa alimentar sem pôr em risco a sua vida.
Alterações de visão
As lesões de um AVC não causam cegueira, mas o paciente pode perder a informação da visão de um dos lados do corpo, ou seja, o olho recebe a informação, mas esta não chega ao cérebro.
Negligência
Quando há uma lesão do hemisfério direito que envolve o lobo parietal, o paciente pode sofrer de negligência, um fenómeno que faz com que a pessoa não se aperceba da metade esquerda do corpo, ou dá a sensação de que esta não lhe pertence.
Dificuldades cognitivas ou de pensamento
O período pós-AVC pode ser marcado por uma confusão aguda, resultando em apatia. É possível que o paciente tenha falhas na memória, deficiências no raciocínio lógico e nas suas capacidades de cálculo.
Alterações de comportamento
Há pacientes que têm alterações comportamentais, levando a uma maior agressividade.
Alterações emocionais
O AVC é um marco profundo na vida de qualquer paciente e, dependendo das sequelas, pode levar a alterações emocionais. A depressão é a mais comum, estando presente em um terço dos doentes.
Ter uma dieta saudável e realizar exercício físico regular diminui a probabilidade de sofrer de AVC.
Saiba também: Quais os sintomas de AVC, como tratar e como prevenir?
Tratamento para as sequelas de um AVC
Pacientes com sequelas de um AVC devem procurar tratamentos que minimizem o impacto das sequelas na sua qualidade de vida, aumentando a sua recuperação funcional.
Assim, é importante que seja feita uma reabilitação com abordagens variadas, envolvendo profissionais de áreas distintas, entre os quais se destacam:
Neurologista — é o médico especializado no diagnóstico e no tratamento de AVC, além de fazer intervenções de prevenção de recorrências;
Fisiatra — trabalha na reabilitação dos pacientes, oferecendo-lhes meios e recursos para recuperar das suas limitações;
Fisioterapeuta — atua na reabilitação, ajudando em problemas que estão relacionados com o movimento e equilíbrio;
Terapeuta ocupacional — é responsável por traçar estratégias para que o paciente consiga realizar as tarefas do seu quotidiano, como tomar banho, comer ou vestir;
Terapeuta da fala — ajuda o paciente a recuperar das dificuldades de comunicação (fala, leitura e escrita), assim como das dificuldades de deglutição;
Nutricionista — faz a gestão alimentar, com dietas com baixo teor de gorduras, sódio e baixa em calorias;
Neuropsicólogo — ajuda os pacientes que sofrem de alterações de memória, raciocínio e comportamento, além de atuar no tratamento de alterações emocionais, como depressão.
O tratamento de reabilitação deve começar o quanto antes (o ideal é que o paciente comece nas primeiras 48 h após o AVC).
