
A Perturbação de Stress Pós-Traumático (PTSD) caracteriza-se por reações disfuncionais intensas e desagradáveis, com duração superior a um mês, consequência de um evento muito traumático (eventos de risco de vida, ferimentos graves, entre outros). Conhecer os sintomas é o primeiro passo para reconhecer a situação, procurar ajuda especializada e recuperar a qualidade de vida.
O Dia de Consciencialização do Stress celebra-se a 5 de novembro.
Conhecido por ser um transtorno vivido por combatentes de guerra, vale dizer que não afeta apenas este grupo. De facto, várias pessoas são afetadas quando passam por um evento terrível (acidente de automóvel, rapto, agressão sexual, violência em geral, desastres naturais, entre outros), com efeitos graves e persistentes, tornando-as debilitadas e incapazes de seguir uma vida comum.
A PTSD afeta cerca de 9% das pessoas, em algum momento da vida, e 4% das pessoas apresentam PTSD anualmente.
Saiba, aqui, o que é a Perturbação de Stress Pós-Traumático, quais os sintomas e como é feito o tratamento adequado.
Perturbação de Stress Pós-Traumático (PTSD): o que é?
A Perturbação de Stress Pós-Traumático (PTSD) é uma perturbação que se desenvolve na sequência de um evento traumático, como um acidente de carro, uma agressão sexual, vivência de guerra, entre outros.
Regra geral, os eventos que mais potenciam ao desenvolvimento de PTSD são aqueles em que a pessoa vive um intenso medo, horror ou desamparo, potencialmente fatal. Estes eventos podem ser vivenciados direta ou indiretamente (assistir outras pessoas a sofrerem lesões graves, a morrerem, a serem ameaçadas de morte, etc.).
O evento, por muito traumático que seja, não desenvolve, por si só, a PTSD. É mais provável que se desenvolva em pessoas que experienciaram (ou experienciam) traumas interpessoais, como violação ou abuso infantil.
A PTSD não é comum em crianças e, quando está presente, apresenta sintomas mais subtis.
Algumas pessoas apresentam stress pós-traumático crónico, mas é comum ficar menos intenso com o tempo, mesmo que não façam tratamento, contudo, há pacientes que continuam a viver sem qualidade devido ao transtorno, quer em ambientes sociais, quer no trabalho ou nas relações pessoais e familiares.
Pesadelos, pensamentos intrusivos e o reviver do evento traumático faz com que esta perturbação cause um grande sofrimento no paciente.
Stress pós-traumático: sintomas
Pessoas com stress pós-traumático podem apresentar sintomas que, geralmente, se enquadram nas categorias:
Sintomas de intrusão — o evento traumático invade os pensamentos repetidamente e sem que a pessoa deseje; pesadelos frequentes; a pessoa revive o evento como se estivesse a acontecer (não como uma memória); reações intensas a algo que lhe lembre o evento;
Sintomas de esquiva — a pessoa evita tudo o que a faça lembrar do evento (atividades, pessoas ou situações), incluindo pensamentos e conversas sobre o evento;
Efeitos negativos sobre o pensamento e o humor — amnésia dissociativa (esquecimento de partes do evento traumático), depressão, distorção da impressão sobre o evento, sentimentos de culpa, medo, raiva, horror, constrangimento;
Alterações no estado de alerta e nas reações — insónias, problemas de concentração, vigilância constante e excessiva, dificuldade em controlar reações, ataques de raiva.
Embora estas categorias sejam as principais quando se avaliam os sintomas apresentados por pacientes com PTSD, podem surgir também:
Atos rituais (para aliviar a ansiedade);
Abuso de álcool e outras substâncias entorpecentes;
Despersonalização/desrealização.
Como é feito o diagnóstico da Perturbação de Stress Pós-Traumático?
O diagnóstico de stress pós-traumático é feito por um médico com base em critérios de diagnóstico psiquiátrico padrão quando o paciente:
Foi exposto a um evento traumático (direta ou indiretamente);
Apresenta sintomas das categorias acima indicadas;
Apresenta sintomas por, pelo menos, um mês;
Sente grande angústia com os sintomas;
Tem o seu desempenho em atividade prejudicado.
O profissional de saúde deve, ainda, descartar outras causas associadas aos sintomas, como outro transtorno ou o uso de medicação, por exemplo.
Tratamento do PTSD
Quando diagnosticado com PTSD, é aconselhado o tratamento em várias frentes, combinando:
Cuidados pessoais — garantir a segurança pessoal e dos seus familiares é um dos aspetos-chave depois de um evento traumático, pois, desta forma, a pessoa consegue processar melhor o evento. Cuidar da saúde física é também essencial (manter uma alimentação saudável, dormir bem e praticar exercício físico regularmente). A prática de mindfulness mostra-se eficaz na redução da ansiedade, stress e outros sentimentos negativos (raiva, tédio, tristeza). É aconselhável que a pessoa desenvolva atividades de lazer que a faça distrair-se;
Medicamentos — os antidepressivos mostram bons resultados no tratamento da Perturbação de Stress Pós-Traumático, mesmo em pacientes que não têm transtorno depressivo maior. Podem ser recomendados, também, estabilizadores de humor e antipsicóticos atípicos;
Psicoterapia — é o principal tratamento da PTSD, uma vez que o paciente aprende estratégias para controlar os sintomas e processar o evento traumático de forma eficaz;
Terapia EMDR — tem resultados mais rápidos e eficientes no tratamento de sintomas relacionados com o trauma do que outras terapias, tendo sido já validado pela Sociedade Internacional para o Estudo do stress traumático;
Tratamento de outros transtornos presentes — quando necessário.
Procurar ajuda não é sinal de fraqueza, antes é sinal de determinação em recuperar a qualidade de vida que perdeu. Se tem sintomas de stress pós-traumático, encontre um psicólogo ou um psiquiatra com experiência em PTSD que faça o melhor acompanhamento.
