
A terapia ocupacional com integração sensorial foi desenvolvida pela terapeuta ocupacional e psicóloga Anna Jean Ayres e assenta no processo neurológico que organiza as sensações do nosso corpo e ambiente, com o intuito de ajudar o sistema nervoso a processar as informações sensoriais, permitindo-nos usar o corpo de forma eficaz no ambiente.
O Dia Mundial da Terapia Ocupacional celebra-se a 27 de outubro.
Beneficiam da terapia ocupacional com integração sensorial todas as pessoas com uma Disfunção da Integração Sensorial — de entre os principais sintomas encontramos problemas de comportamento, dificuldades escolares, reações exageradas a sons, texturas ou movimentos, e dificuldades de coordenação motora.
Pessoas com hiperatividade e défice de atenção, autismo, atrasos de desenvolvimento, dificuldades de grafomotricidade, desregulação emocional, dificuldades na coordenação e equilíbrio, dificuldades sociais e dificuldades de autonomia também beneficiam desta terapia.
O que a terapia ocupacional com integração sensorial pode fazer por si ou pelo seu filho?
A terapia ocupacional com integração sensorial foca-se na melhoria da funcionalidade e da qualidade de vida e apresenta vários benefícios, independentemente da idade do paciente. Entre eles, encontramos:
Melhor regulação emocional e comportamental — reduz a hipersensibilidade, ou seja, reduz as reações intensas a estímulos, ou a hipossensibilidade (procura constante de estímulos). Esta redução permite que o paciente tenha um comportamento mais calmo e consiga estar mais focado;
Desenvolvimento de competências motoras — a terapia ocupacional com integração sensorial melhora elementos essenciais à rotina diária, como o equilíbrio, a coordenação motora e o planeamento de movimentos (práxis);
Melhor foco e aprendizagem — por organizar o sistema nervoso, o paciente consegue estar mais atento, mais focado, impactando positivamente no processo de aprendizagem;
Maior participação em atividades diárias — ajuda o indivíduo a envolver-se nas suas atividades diárias, como comer, interagir socialmente, escrever, brincar, dormir, entre outras.
Além destes, a terapia ocupacional com integração sensorial também revela melhorias nos domínios de:
Linguagem;
Perceção;
Memória;
Atenção;
Pensamento abstrato;
Competências sociais;
Motricidade;
Sono;
Alimentação.
Todas as intervenções são feitas por um profissional qualificado, em ambiente seguro e lúdico.
Estimulação sensorial vs. Integração sensorial
Embora sejam termos muito parecidos, eles não são sinónimos.
A estimulação sensorial diz respeito à entrada de informações sensoriais no sistema nervoso (mesmo que, na maior parte das vezes, de forma passiva) para despertar/manter a atenção a um sentido. Já a integração sensorial é a capacidade de o cérebro processar, organizar e interpretar as sensações para depois produzir uma resposta adaptativa.
Na terapia ocupacional usa-se a estimulação sensorial como uma ferramenta estratégica. O terapeuta ocupacional utiliza estímulos (de forma intencional e controlada) para estimular o sistema nervoso, de forma que este se consiga auto-organizar.
A estimulação é usada sempre em prol das necessidades do indivíduo, não sendo um processo-padrão para todos os pacientes. Assim, o terapeuta ocupacional utiliza:
Estímulos propriocetivos (pressão profunda, empurrar objetos pesados) e vestibulares (balanço rítmico e lento) — para acalmar, reduzir a ansiedade, para organizar e para reduzir o nível de alerta;
Estímulos táteis leves, visuais brilhantes e movimentos rápidos — para aumentar o nível de alerta, despertar, aumentar a energia e atenção.
Atividades de estimulação sensorial
As atividades de estimulação sensorial fazem parte da terapia ocupacional com integração sensorial. Todas são projetadas para serem divertidas e para provocarem a resposta adaptativa de que o indivíduo necessita.
Sistema Sensorial
Exemplos de atividades terapêuticas
Principal benefício
Tátil (tato)
Brincar com caixas sensoriais (arroz, feijão, massas, gelatina), pintura com as mãos/dedos.
Melhorar a tolerância a texturas e a discriminação tátil (saber o que se está a tocar sem olhar).
Vestibular (movimento, equilíbrio)
Baloiços suspensos (em diferentes planos), escorrega, girar em cadeiras ou pranchas (sempre sob supervisão).
Promover a segurança gravitacional e a modulação do movimento, essenciais para o equilíbrio.
Propriocetivo (músculos e articulações)
Empurrar caixas, carregar mochilas, saltar em trampolins, apertar bolas de stress.
Acalmar o sistema nervoso, melhorar a consciência corporal e a força, ajudando na concentração.
Visual e Auditivo
Caixas de luz, jogos de encaixe com cores vibrantes, instrumentos musicais, jogos de localização de som.
Melhorar o foco visual, a coordenação óculo-manual e a tolerância a sons ambientais.
Quando procurar ajuda para um bebé ou criança?
Deve procurar a ajuda de um terapeuta ocupacional quando o bebé ou criança apresenta dificuldades em:
Brincar;
Interagir com o ambiente;
Socializar;
Tocar e ter objetos na mão;
Vestir ou despir;
Comer pela sua mão;
Abotoar/desabotoar;
Atar cordões;
Segurar num lápis/caneta;
Usar talheres;
Escrever.
Quando procurar ajuda para um adulto ou idoso?
Deve procurar a ajuda de um terapeuta ocupacional quando o adulto ou idoso apresenta dificuldades em:
Cuidar da higiene pessoal;
Cuidar da higiene da habitação;
Motivar-se para as atividades diárias/ocupações;
Ajustar o comportamento em situações sociais;
Cumprir horários e gerir rotina diária;
Usar/gerir o dinheiro.
Deve procurar ajuda, igualmente, se houver perda de competências.
A terapia ocupacional com integração sensorial é um método divertido, mas eficaz, para ajudar o cérebro a organizar-se. Optar por este tratamento é um investimento no desenvolvimento, assim como na qualidade de vida.
