O que é um ataque de pânico e o que fazer quando acontece?

O que é um ataque de pânico e o que fazer quando acontece?

Sara Paiva
Sara Paiva |  
Terapias |  18 junho 2025 |  
12 min. de leitura
mulher jovem, vestida com camisola preta com as palavras «panic atack», abraça-se a si mesma

Um ataque de pânico é, geralmente, um transtorno de ansiedade que causa, de forma súbita, tonturas, falta de ar, dor torácica, náuseas, entre outros sintomas. Embora os sintomas durem pouco tempo, a pessoa sente uma angústia muito grande, com sensação de morte, que faz com que o ataque pareça durar uma eternidade.

Anualmente, pelo menos 11% dos adultos vive um episódio de ataque de pânico.

Apesar de grande parte das pessoas não careça de tratamento para recuperar de um ataque de pânico, algumas pessoas têm episódios frequentes, prejudicando a vida profissional, familiar e social, razão pela qual devem procurar ajuda médica.

O que é um ataque de pânico?

Um ataque de pânico caracteriza-se por um breve período, surgido subitamente e com intensidade, em que a pessoa sente uma ansiedade extrema, angústia, medo e, muitas vezes, sensação de morte iminente (pois os sintomas assemelham-se a um enfarte).

Episódios de ataques de pânico são duas a três vezes mais frequentes em mulheres do que em homens.

A maior parte dos ataques de pânico enquadra-se em transtornos de ansiedade e também podem acontecer a pessoas com depressão ou outros problemas de saúde mental.

Embora em menor número, estes podem desencadear-se em resposta a uma situação específica, geralmente em casos de fobias. Há ainda casos que ocorrem sem que seja necessário um fator desencadeante.

Episódios de ataque de pânico não costumam repetir-se, manifestando-se uma ou duas vezes em toda a vida de uma pessoa, especialmente em alturas de maior ansiedade e stress.

Diferença entre ataques de pânico e perturbação de pânico

Estamos perante uma perturbação de pânico (pânico patológico ou síndrome do pânico) quando alguém tem episódios de ataques de pânico com frequência, causando uma preocupação constante e excessiva com o surgimento de novos episódios.

A perturbação do pânico é rara e afeta entre 2 e 3% da população. É diagnosticada, na maioria dos casos, entre o fim da adolescência e o início da idade adulta.

O medo e a preocupação excessivos de novos episódios de ataques de pânico, em pessoas com a perturbação, prejudicam a vida, uma vez que quem sofre dela acaba por modificar vários comportamentos com o intuito de evitar novos episódios.

É possível afirmar-se que alguém sofre de síndrome do pânico quando, mesmo sem ter vários episódios de ataques, a preocupação com novos episódios (ou com as consequências possíveis de um ataque) persistem por mais de um mês. O mesmo se afirma quando a pessoa desenvolve alterações de comportamento relevantes, como fobias.

Causas e fatores de risco

A causa do ataque de pânico não está ainda determinada, mas existem autores que apontam para alterações em vários sistemas de neurotransmissão e nas redes neuronais.

Outros consideram a existência de um estado de hiperventilação crónica, a qual se associa a uma hipersensibilidade dos recetores centrais do dióxido de carbono.

Estímulos externos (como um lugar ou situação que tenha desencadeado ataques anteriores) e internos (sensações corporais, pensamentos ou imagens) podem desencadear ataques de pânicos, pois estes são vistos como uma ameaça, surge uma sensação de medo e o corpo entra em estado de alerta.

Ataques de pânico podem acontecer em comorbidade com outras patologias, o que indica que são fatores de risco:

  • Problemas de saúde mental, como ansiedade social, depressão, stress pós-traumático, fobias, transtorno bipolar e perturbação de ansiedade generalizada;

  • Asma;

  • Doença pulmonar obstrutiva crónica;

  • Hipertensão;

  • Doença coronária cardíaca;

  • Síndrome do cólon irritável;

  • Diabetes;

  • Problemas de tireoide.

O stress laboral, a vivência de eventos traumáticos (como a morte ou doença grave de um parente próximo), a genética ou o temperamento individual também podem estar na origem dos ataques de pânico.

Ataque de pânico: sintomas

Para se afirmar que estamos perante um ataque de pânico, devem ser sentidos, pelo menos, quatro dos sintomas listados abaixo:

  • Tremores;

  • Espasmos;

  • Palpitações (batimento cardíaco acelerado);

  • Falta de ar;

  • Calafrios;

  • Sensação de engasgo;

  • Tonturas/desmaio;

  • Falta de fôlego;

  • Cefaleias;

  • Transpiração;

  • Diarreia;

  • Dormência ou formigueiro no corpo (ou partes dele);

  • Dificuldade em engolir;

  • Dor no peito;

  • Autoimagem vista de cima ou distanciamento do meio;

  • Vertigens;

  • Medo de morrer (pela sensação de enfarte, por exemplo);

  • Sensação de perigo iminente;

  • Náuseas ou desconforto abdominal;

  • Medo de perder o controlo ou enlouquecer.

Podem acontecer em qualquer situação e subitamente. O pico dos sintomas ocorre aos 10 minutos, diminuindo a partir daí e ficando uma sensação de fadiga extrema.

Pode se morrer de ataque de pânico?

É certo que os sintomas de um ataque de pânico são assustadores e há a sensação de morte iminente. No entanto, não se pode morrer de ataque de pânico.

Quais as consequências de um ataque de pânico?

O ataque de pânico, por si, não tem consequências para a saúde. No entanto, algumas pessoas passam a ter medo de ter outros ataques, alterando comportamentos para evitar que estes se repitam (comum em pessoas com a perturbação de pânico).

Pacientes com vários ataques de pânico no seu historial médico e aqueles com síndrome do pânico perdem qualidade de vida, uma vez que deixam de realizar várias atividades por medo e caminham para um isolamento social.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito por um médico, através de uma avaliação dos sintomas com base em critérios de diagnóstico psiquiátrico padrão.

A exclusão de outras doenças deve ser primordial, sabendo que os sintomas físicos apresentados são os mesmos de várias doenças físicas graves.

Conclui-se que uma pessoa sofre de síndrome do pânico quando esta tem ataques de pânico frequentemente e quando mostram, por mais de um mês, preocupação persistente com o despoletar de outros ataques, preocupação excessiva com as consequências dos ataques, ou desenvolvimento de alterações no comportamento.

Tratamento para ataques de pânico e perturbação do pânico

Quando diagnosticado um ataque de pânico, é importante perceber se estes são recorrentes, ou se é um episódio isolado. Sendo um ataque de pânico isolado não deve ser feito qualquer tratamento, exceto a administração de um ansiolítico, caso o médico considere justificável.

Caso os ataques sejam recorrentes, deve determinar-se se estamos perante um caso de perturbação de pânico, qual a gravidade e quais os impactos que os sintomas causas na vida pessoal, profissional e social.

Sendo uma doença ligeira, com ataques de pânico esporádicos, cujos impactos são baixos, é possível fazer-se apenas sessões de psicoterapia para que a pessoa aprenda a lidar com os ataques e a controlá-los, assim como reduzir, progressivamente, a ansiedade e os próprios ataques.

Se estamos perante uma doença mais grave, deve recorrer-se a medicamentos ansiolíticos e/ou antidepressivos, a par de psicoterapia.

A medicação reduz o número de ataques de pânico de forma significativa, mas é importante que o paciente faça psicoterapia para diminuir ou eliminar a preocupação constante com futuros ataques.

A terapia cognitivo-comportamental mostra-se muito eficiente para a síndrome do pânico. Com esta terapia, o paciente passa a entender o que se passa com o seu corpo durante os ataques e aprende a reconhecer e controlar os seus pensamentos distorcidos.

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Como parar e controlar um ataque de pânico?

Técnicas de relaxamento são as mais ensinadas em psicoterapia perante uma situação de perturbação do pânico. Assim, para parar e controlar um ataque de pânico, experimente as seguintes técnicas:

1 — Respiração

Uma respiração controlada e lenta ajuda a controlar a ansiedade e os ataques de pânico. Assim, obrigue-se a inspirar profundamente, de forma lenta e constante, durante 3 segundos, depois a expirar lentamente e de forma controlada durante 3 segundos.

Ao respirar desta forma, evita a hiperventilação, além de ajudar a acalmar outros sintomas do ataque de pânico.

2 — Relaxamento muscular

É importante ter o controlo do seu corpo durante um ataque de pânico. Para tal, contraia os seus punhos durante 10 segundos e relaxe-os por mais 10 segundos. Repita o procedimento com todos os outros grupos musculares (pernas, glúteos, abdómen, ombros, braços, mãos, pescoço e rosto).

3 — Foque num objeto

Olhe para um objeto e concentre-se nele. Tente perceber todos os detalhes, como cor, tamanho, padrões, desenhos, entre outros). Ao fazê-lo está a desviar a sua atenção para o objeto, em vez da situação que causou o ataque de pânico.

4 — Pense em algo positivo

Foque numa situação positiva, que o tenha feito feliz. Estes pensamentos positivos vão contrariar o medo, trazendo-lhe uma sensação de tranquilidade e calma.

5 — Tenha um plano

Tenha um plano, uma estratégia, pensada anteriormente, para o caso de sofrer um ataque de pânico. Pode escolher um sítio específico que o acalme, ter um amigo para ligar, ou qualquer outro plano que o faça acalmar-se.

Como ajudar alguém com ataque de pânico?

Se está com alguém que está a sofrer de um ataque de pânico, tente que ele fique calmo. Leve-o para um sítio mais tranquilo e assuma o controlo da situação, com falas incisivas, mas calmas.

Se essa pessoa tiver um medicamento para tomar em SOS, dê-lha com calma e não mostre nervosismo. Dê-lhe pequenas instruções para que ela faça técnicas de respiração e relaxamento muscular.

Quanto tempo dura um ataque de pânico?

O ataque de pânico surge subitamente e, regra geral, atinge o seu pico sintomatológico em 10 a 15 minutos, depois diminuindo a sensação de medo e ansiedade gradualmente.  

Como prevenir?

Não há um método que previna ataques de pânico, exceto o tratamento medicamentoso e a psicoterapia.

Adotar um estilo de vida ativo e saudável também pode ajudar, uma vez que diminui a ansiedade. Reduzir o consumo de bebidas alcoólicas e com cafeína também ajudam a manter a ansiedade mais controlada.

Se vive em constante stress, é fundamental abrandar o ritmo, pois picos de ansiedade constantes podem levar a ataques de pânicos.

Os ataques de pânico são, incontestavelmente, incómodos, mas lembre-se que eles passam e não vão afetar a sua saúde (mesmo que a sensação seja a de que está com uma série de doenças). Procure sempre a ajuda de um profissional de saúde, nomeadamente um psiquiatra e/ou psicólogo.

Sara Paiva
Socióloga de formação, Copywriter de paixão. Sou uma apaixonada por literatura (e pelas artes em geral), o que me levou a seguir uma carreira na área da escrita. Desenvolvo conteúdos para o Toma Conta com o objetivo de ajudar os utilizadores a obterem a melhor informação possível.

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Technical SEO e Copywriter. Adoro ler e escrever; não dispenso um bom livro. Sensível à forma como a Internet pode facilitar o nosso dia a dia, escrevo no Toma Conta para ajudar os leitores a obter informação fidedigna e atualizada sobre tarefas e serviços de apoio ao domicílio.

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Susana Valente

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Escrevo conteúdos para a web há mais de 20 anos como jornalista e copywriter. Adoro explorar montes e vales por esse país fora. Detesto fazer mudanças e adoro correr à beira-mar. Tenho veia de poeta, sou mãe e uma verdadeira mulher dos sete ofícios!

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