A doação de sangue é um ato de solidariedade que pode salvar vidas, mas nem todas as pessoas sabem quem pode dar sangue - e é isso que vamos esclarecer neste artigo.
Ao contrário do que algumas pessoas pensam, todos os grupos sanguíneos, mesmo os mais comuns, são necessários, nomeadamente em emergências, cirurgias, tratamentos contra o cancro, após acidentes e complicações no parto.
Na realidade, a maioria das necessidades de sangue surgem naquele que é também o grupo sanguíneo mais comum - o A+.
Afinal, a probabilidade de haver mais pessoas a precisarem de transfusões de sangue deste tipo também é maior por ser o mais predominante.
Mas quando falamos de quem pode dar sangue, não estamos a falar de grupos sanguíneos. O que está em causa são outros critérios, como vai já perceber.
Mas quem pode dar sangue?
Em Portugal, qualquer pessoa saudável pode doar o seu sangue, desde que tenha:
Idade superior a 18 anos (quem tem 17 anos pode dar sangue com o consentimento dos pais e/ou em caso de emancipação por casamento);
Peso igual ou superior a 50 quilos;
Estilos e hábitos de vida saudáveis.
Os dadores regulares de sangue podem continuar a fazê-lo até aos 60 anos. Depois disso, e até aos 65 anos, as dádivas de sangue dependem de uma avaliação médica para garantir a segurança do dador e do recetor.
Com o avançar da idade, podem surgir diversas condições de saúde que aumentam o risco de complicações durante ou após doar sangue.
Por isso, os profissionais de saúde precisam de avaliar o estado geral de saúde e o histórico clínico do doador, bem como se toma medicação habitual e qual é a sua capacidade de recuperação após a dádiva.
Requisitos para dar sangue
Independentemente das situações mencionadas, para saber quem pode dar sangue é sempre feita uma avaliação clínica prévia para garantir que o dador está apto a fazê-lo.
Esta análise efetuada por um profissional de saúde qualificado é importante para identificar situações que possam pôr em causa a segurança do dador, mas também a segurança do recetor.
Em alguns casos, perante determinadas condições, as pessoas não podem mesmo doar sangue. É o caso das grávidas que só o podem fazer seis meses após o parto.
A dádiva de sangue também não é recomendada durante a amamentação, pois pode reduzir os níveis de ferro no leite materno.
Da mesma forma, há critérios específicos para diabéticos. Pessoas com diabetes tipo 1 não podem dar sangue, mas quem tem diabetes tipo 2 pode doar se cumprir vários requisitos clínicos.
No caso das pessoas com hipertensão arterial, podem dar sangue se esta estiver controlada e se não apresentarem outras debilidades associadas.
Há ainda outras situações específicas, como pessoas que tiveram cancro, que exigem uma avaliação médica para aferir quem pode dar sangue ou não.
Mas existem ainda outros critérios que definem quem pode dar sangue, tais como os seguintes:
Não ter doenças transmissíveis pelo sangue;
Não estar a tomar medicação que possa comprometer a dádiva de sangue;
Não ter viajado recentemente para países com risco de doenças infeciosas.
Por outro lado, não se recomenda a doação de sangue quando a pessoa:
Usou drogas por via endovenosa;
Teve contactos sexuais com múltiplos parceiros a troco de dinheiro ou drogas;
Tem historial familiar da Doença de Creutzfeldt-Jacob;
Fez uma transfusão sanguínea nos últimos 12 meses;
Foi sujeito a cirurgia nos últimos 6 meses;
Teve paludismo/malária nos 3 anos anteriores;
Tem epilepsia.
Regras para dar sangue
Além dos requisitos básicos referidos antes, existem também regras importantes que quem pode dar sangue deve seguir com rigor. Algumas dessas regras são:
Intervalo mínimo entre dádivas de sangue deve ser de dois meses (nos homens) e de três meses (nas mulheres);
Mulheres podem doar sangue até três vezes por ano;
Homens podem doar até quatro vezes por ano.
Sobre esta curiosa diferença entre homens e mulheres, é preciso notar que está relacionada com a recuperação do ferro no organismo após a doação de sangue.
Devido à menstruação e a uma menor reserva natural de ferro no corpo, as mulheres demoram mais tempo a repor os níveis ideais deste mineral essencial após cada dádiva.
Intervalo mínimo entre dádivas de sangue deve ser de dois meses, ou 60 dias, nos homens, e de três meses, ou 90 dias, nas mulheres.
Portanto, o aumento do intervalo no caso delas pretende proteger a saúde das dadoras, evitando situações de anemia ou défice de ferro.
Posso dar sangue com o período?
Esta é uma dúvida muito frequente quando se fala de quem pode dar sangue. E, então, posso dar sangue com o período? A resposta é sim.
A menstruação não impede a doação de sangue, desde que a pessoa se sinta bem. Mas se sentir fraqueza ou tonturas, ou se tiver dores menstruais intensas e não controladas (a chamada dismenorreia), não deve dar sangue.
Nesses casos, será preciso esclarecer se as causas estão apenas relacionadas com o período, ou se podem ser um indício de algum mal-estar ou condição de saúde.
Quando o fluxo menstrual é mais intenso também pode ser aconselhável esperar alguns dias para dar sangue.
Saiba mais: O que inclui um check up médico e quando deve fazê-lo?
Tatuagens impedem-me de dar sangue?
Este é um mito que é preciso esclarecer devidamente. Ter tatuagens não é impeditivo para doar sangue. Contudo, após a realização de uma nova tatuagem, é preciso esperar quatro meses para o poder fazer.
Esta espera de quatro meses para fazer a dádiva de sangue aplica-se também depois da colocação de um piercing.
Quanto tempo demora a dar sangue?
É um processo que pode levar cerca de 30 minutos no seu todo, incluindo a inscrição, a triagem clínica e a colheita. A fase de retirada de sangue é relativamente rápida.
Durante a colheita, retira-se normalmente entre 405 ml e 495 ml de sangue, o que representa menos de 10% do volume total de sangue de um adulto saudável. Esta é a quantidade considerada segura e bem tolerada pela maioria das pessoas.
Depois da doação, o corpo começa quase de imediato a repor o volume de sangue perdido - o plasma é reposto em poucas horas e as células sanguíneas em poucos dias a semanas.
É, por isso, que há regras para os intervalos entre dádivas, como aquelas de que já falámos antes.
Após a dádiva, é recomendado descanso e a ingestão de líquidos para evitar tonturas.
Agora que já sabe quem pode dar sangue…
Depois de ter confirmado os critérios sobre quem pode dar sangue, só precisa de avaliar se cumpre os requisitos para poder fazer uma doação. Trata-se de um gesto altruísta que pode fazer toda a diferença na vida de alguém!
Já percebeu que os critérios são rigorosos para garantir a segurança de quem doa e de quem recebe. Mas, na verdade, a maioria das pessoas saudáveis pode ser dadora.
Agora que já sabe quem pode dar sangue, e tendo em conta que a dádiva é segura, rápida e tem um impacto profundo, pode literalmente ajudar a salvar vidas com um gesto tão simples.
